sábado, 14 de agosto de 2010

Crise de Civilidade

Por Marcio Nejaim

Em recente artigo intitulado "The case of boredom" na The New Atlantis, Adam J. Cox através de suas experiências como psicólogo em tratamento de jovens para melhorar suas "habilidades sociais",  levanta uma série de ponderações acerca da falta de tédio nos dias de hoje. Enquanto há 50 anos atrás era preciso duas horas deitado num sofá para sentir tédio, os jovens de hoje podem sentí-lo em apenas 30 segundos de ócio. 

De um lado uma quantidade gigantesca de dispositivos sendo lançados (smartphones, tablets, computadores) e de outro infinitos serviços de entretenimento (internet, jogos, redes sociais). Existe  hoje uma disponibilidade praticamente infinita de informação aonde quer que o usuário vá. São mais de 70 mil tweets sendo enviados a cada minuto segundo o site Tweespeed, e o Tweeter é apenas uma de muitas redes sociais. Além de sobrecarregar sensorialmente os usuários, o excesso de informação ainda causa dependência muito similar à de viciados em drogas.

Cox ressalta que assim como o excesso de alimentos disponíveis resultou numa crise de obesidade na população, o excesso de informação disponível acarreta consequências ainda piores para a sociedade. Entre os distúrbios causados temos jovens incapazes de se concentrar em tarefas offline por tempos prolongados e adultos com dificuldade de relacionamento com outros seres humanos.

Estaríamos caminhando para uma crise de civilidade ? Estaríamos fadados a conviver com seres rudes e sem consideração pelo próximo ? Esses exemplos são a exceção ou a regra de indivíduos ? Se julgarmos que a analogia é válida, pelo número crescente de obesos, podemos inferir que os problemas serão a regra num futuro próximo.

É inegável que as tecnologias de difusão da informação são boas para a humanidade como um todo. Para os seres humanos individualmente, é preciso seguir a regra de ouro do universo: parcimônia.

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